sexta-feira, 18 de março de 2011



Meta é deixar os corredores sem marcas da superlotação. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press

Dados do Hospital Getúlio Vargas (HGV) mostram que houve uma redução de 25% no número de atendimentos realizados na área de emergência clínica, comparando-se julho a dezembro de 2010 ao mesmo período do ano anterior. Isso provocou uma queda no quantitativo total de atendimentos realizados na emergência do HGV: foram 25.131 no ano passado contra 33.392 nos mesmos meses de 2009. Para o diretor-geral do Getúlio Vargas, Roberto Cruz, os números refletem a eficácia da nova rede de saúde montada no estado.

Efeito que demorou para ser visto no Hospital da Restauração. Em 2009, a emergência absorveu 73.749 pacientes. Em 2010, somando-se a traumatológica, a pediátrica e a clínica (que agora funciona ao lado do prédio principal do HR), foram 91.990. A explicação parece estar no perfil especializado do atendimento prestado no HR, referência no atendimento a politraumatizados e vítimas de lesões neurológicas. Mas uma mãozinha está por vir. E ela tem nome e sobrenome.

O Hospital Pelópidas Silveira, que deverá ser inaugurado no final do primeiro semestre deste ano, no Curado, terá 70 leitos para pacientes vítimas de traumatismos, como acidentes de trânsito e agressões por arma de fogo, e 50 só para neurologia. Hoje o HR é a única referência em neurocirurgia do estado.

“As UPAs e os hospitais metropolitanos já desafogaram e muito as emergências”, disse o secretário de Saúde, Antonio Carlos Figueira, citando que os hospitais metropolitanos realizam, juntos, 700 cirurgias traumatológicas por mês. “Vamos dar continuidade ao projeto de descentralização do atendimento de urgência e emergência”, arrematou, sinalizando para os próximos quatro anos.

“Mas em nada adianta ter rede hospitalar e UPAs se elas não estiverem trabalhando em articulação com os serviços municipais, das unidades de Saúde da Família às policlínicas. Estamos conversando com todos os municípios. Algumas unidades estão fechadas para reforma, em outras houve redução dos atendimentos. Fazemos um levantamento para solicitar a volta desses equipamentos de saúde”, enfatizou Antonio Carlos Figueira. Esperança para Renylda e os outros 85,4% da população pernambucana que dependem exclusivamente do SUS.

Opinião

José Luiz Araújo, PHD em saúde pública e pesquisador do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, unidade da Fundação Oswaldo Cruz no Recife, fala sobre:


Impacto dos serviços de baixa complexidade nas grandes emergências

Já assistimos ao aumento muito grande da rede de Saúde da Família no Recife, no início do governo do prefeito João Paulo. Fizemos estudos no Hospital da Restauração e vimos que o impacto na demanda que poderia ser resolvida na atenção básica foi pequeno. Significa que também há outros fatores que levam a população a procurar os serviços de urgência.

Outras causas da superlotação das emergências

A população sabe que se chegar ao Hospital da Restauração, mesmo que espere muito tempo, vai fazer exames, raio x, e o que for necessário, tudo em um só lugar. A população não gosta de ir a um médico na Unidade de Saúde da Família, pegar remédio em outro lugar e fazer exame em outro. Essa é uma das questões. E também tem gente que acha que em um prédio grande, com muito médico, o atendimento vai ser melhor do que em uma casa pequena, como a Unidade de Saúde da Família.

Gestão por Organizações Sociais

Esse mix de modelos de gestão é interessante. Quando determinado modelo entra em colapso, o sistema pode recorrer a outros. Não acho que Organizações Sociais (modelo utilizado nos novos hospitais e UPAs) seja privatização.

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