sexta-feira, 18 de março de 2011

A vida pede urgência

Funcionamento das UPAs permitiu atendimento mais rápido e com nível de setor privado


Renylda Martins Salles, 80 anos, não podia mais pagar o plano de saúde. Surpreendeu-se com a estrutura a que teve direito na UPA de Paulista. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press

Renylda Martins Salles sofre de um mal que atinge centenas de idosos no Brasil: as altas mensalidades dos planos de saúde. Em tempos não muito distantes, a moradora do município de Paulista, Região Metropolitana do Recife, procurava renomados hospitais das redes particulares de Olinda e da capital quando precisava de atendimento médico. Pagava pela segurança e a comodidade que esses serviços lhe ofereciam. Mas a conta ficou muito cara. Só 14,6% da população pernambucana têm plano de saúde. Aos 80 anos, Renylda já não pertence a esse seleto grupo. De repente, ela se viu dependendo exclusivamente do SUS, o Sistema Único de Saúde. Sorte da idosa que o atendimento de urgência e emergência na Região Metropolitana do Recife já não é mais como era antigamente.

Nos primeiros dias de 2011, Renylda precisou ser socorrida. “Ela estava vomitando, com febre e tremendo muito”, disse a neta Mariana Pessoa, 22 anos. Na hora de ajudar a avó, Mariana recorreu à UPA de Paulista, inaugurada em fins de 2009. Deitada em um leito de enfermaria em ambiente climatizado, Renylda dizia não ter do que se queixar. “Não sinto diferença em relação à rede privada. Fui muito bem atendida e estou satisfeita”. Falou com gosto. Com a satisfação de quem, acostumada a ver cenas caóticas de hospitais públicos na TV, percebeu que quem não pode pagar não precisa ficar à mercê de um sistema de saúde de segunda mão. Não à toa, a inauguração das primeiras novas unidades de atendimento do estado, o Hospital Miguel Arraes e as UPAs de Paulista, Igarassu e Olinda, foi encarada como o início de uma nova era na área de urgência e emergência pública do estado.

Quase que de uma vez só, de 2009 para cá, Pernambuco ganhou dois novos hospitais e 14 UPAs. O impacto disso é matemático - potencial de realização de 129 mil consultas anuais só nos hospitais metropolitanos já concluídos e mais de 2 milhões de atendimentos por ano nas UPAs que já estão em funcionamento.

Entre janeiro e novembro de 2010, foram realizados 794.958 atendimentos de urgência nos hospitais metropolitanos e nas UPAs - na de Olinda, uma das primeiras inauguradas, houve 127 mil atendimentos. Isso sem contar com mais de 24 mil consultas ambulatoriais e 8.942 internamentos realizados nos hospitais Miguel Arraes (Paulista) e Dom Helder Camara (Cabo de Santo Agostinho). Reforço para um dos principais gargalos da saúde pública - as áreas de urgência e emergência.

“Um aumento grande na oferta de serviços tem como consequência a produção de impacto positivo na acessibilidade”, afirmou o PhD em saúde pública e pesquisador do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, José Luiz Araújo. Mais acesso e menos macas nos corredores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

BOM CONSELHO-PE