Em quatro décadas de apresentações, o mais famoso espetáculo bíblico teatral tem atraído milhares de turistas de todo o mundo para a pequena "Judéia" em Brejo da Madre de Deus
Fazenda Nova - que fica a 180 quilômetros da capital - respira arte desde os anos 60, quando uma família resolveu apresentar a peça da Paixão de Cristo pelas ruas. Um lugar onde não há agência bancária, concessionária de automóvel, delegacia nem maternidade. Mas que é povoado por gente que gosta de arte e que cresceu cheia de intimidade com ela.
“Na vingança de cangaceiro eu trabalhei fazendo o papel do diabo e também do ladrão Barrabás”, conta o comerciante Damião José da Silva, que já se apresentou no cinema e no teatro.
A encenação ficou famosa e movimentou o lugarejo. Hoje, atrai milhares de pessoas a cada dia da Semana Santa. “É um motivo de orgulho para gente aqui. Porque nós recebemos pessoas do mundo inteiro para conhecer Fazenda Nova e melhorar as nossas vendas”, conta a vendedora Adriana Persília.
O espetáculo da Paixão de Cristo deixou Fazenda Nova cada vez mais parecida com a Judéia daquele tempo. Os moradores e a prefeitura foram copiando os prédios de dois mil anos atrás. Separados por milhares de quilômetros, os dois lugares vivem da história mais especial de que se tem notícia.
Os símbolos do Cristianismo, do Império Romano, se espalharam. Os turistas descobriram este cantinho escondido do Agreste e a economia ganhou fôlego. A peça, que antes envolvia somente os moradores do lugarejo, cresceu e obrigou os organizadores a construir um espaço onde fosse viável encená-la para públicos cada vez maiores.
O teatro batizado de Nova Jerusalém foi erguido com pedra e muito suor pelo gaúcho Plínio Pacheco. Ele chegou nos anos 60 e se apaixonou por uma nativa, atriz da peça. Visionário que era, trabalhou duro pra fazer um teatro onde não houvesse limite de público.
A equipe de bastidores é igualmente gigantesca. Cerca de 400 profissionais trabalham na luz, no som e na infra-estrutura. Muitos se hospedam dentro do que se chama aqui de cidade-teatro. É que Nova Jerusalém tem, escondidos atrás dos cenários, 40 apartamentos, restaurante, capela, um pequeno cemitério - onde está enterrado Plínio Pacheco -, um jardim cheio de animais e uma mini-prefeitura, de onde o produtor executivo do espetáculo comanda tudo.
“Nós começamos, todos os anos, a trabalhar em agosto. São nove meses de pré-produção para fazer o próximo evento, a cada ano”, conta o produtor executivo do espetáculo Robson Pacheco.
Toda a trabalheira é testada na temporada de apresentações, que duram nove dias. No ano passado o resultado desse esforço foi aprovado por espectadores de 12 países e de 24 estados brasileiros.
Na próxima quarta-feira (06), os 500 figurantes já começam a ensaiar. Na sexta-feira (08), os atores e técnicos chegam à Fazenda Nova.
SERVIÇO:
Paixão de Cristo de Nova Jerusalém
De 15 a 23 de abril
Ingressos: R$ 50 (dias 15, 18, 19, 20 de abril), R$ 60 (dias 17, 21 e 23) e R$ 80 (dia 16 e 22 de abril)
Abertura dos portões ao público: 16 h
Início do espetáculo: 18 h
*Independentemente do dia do espetáculo idosos e estudantes pagam sempre meia-entrada. Há também descontos especiais para agências de viagem.
Maiores informações pelo fone (81) 3732.1129 / Fax (81) 3732.1180 ou no site www.novajerusalem.com.br ou por e-mail para: novajerusalem@novajerusalem.com.br.
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